Coisas que (quase) ninguém fala sobre uma análise
Poucas pessoas falam sobre como a análise não é pra todo mundo, e isso Freud quem disse. Não é pra todos porque nem todo mundo deseja estar em um processo que pode ser extremamente árido, porque nem todo mundo suporta o mal-estar que uma análise pode suscitar.
Esse é só um exemplo. Pra se construir uma clínica orientada para o real, é preciso escutar o que muitas vezes se cala. E aí comecei a pensar em alguns temas que vejo pouco pelas redes sociais que falam de psicanálise (uma impressão minha)!
Parece que pouco se fala sobre como uma análise pode ser um terreno arenoso, espinhento, em que parece que você mais afunda do que anda, em alguns momentos. Essa é uma impressão comum. Ao mesmo tempo, quando percebemos, as coisas já saíram do lugar, não ocupamos mais os mesmos lugares.
Leio pouco sobre como em uma análise a gente vai fazendo cair nossos mestres, nossos Outros que são também nossos referenciais. Cai, ao menos um pouco, o desejo do outro, e surge o desejo próprio - tímido, falando baixo. Talvez por isso, em uma análise, é comum que mudem as formas como estabelecemos nossos laços.
Quase ninguém fala sobre os efeitos profundos que uma análise pode ter. Mudanças duradouras que são sustentadas por um saber de si mesmo. Um saber que duvida, questiona, inquietante. Isso porque uma análise implica imensamente o analisando em seu próprio processo terapêutico.
É também sempre bom relembrar o que fica nas entrelinhas de muitos posts sobre psicanálise, análise e afins: o analisando, a pessoa que escolhe iniciar uma análise, é quem sabe de si. Do seu sofrimento, sua história, seus ideais, suas fantasias. E isso é bastante!
Morgana M Medeiros
CRP 06/140543