O desejo busca desejar 

Desejamos muito. Mas o que? Infinitas coisas, já que os objetos de desejo são extremamente voláteis. Quem disse isso não fui eu, foi Lacan no seminário 5.

Eles podem ser tão efêmeros que é possível afirmar que não existe "O" objeto do nosso desejo, uma ou algumas únicas coisas que desejamos, já que isto estará sempre em metamorfose.

Existe um argumento lógico para essa afirmação: se o desejo é movido pela falta de algo, quando atingimos nosso objetivo, ou seja, quando finalmente alcançamos aquilo que nos faltava, pra onde vai aquele desejo inicial?

A satisfação faz com que o desejo evapore. Quantas vezes, quando você conseguiu exatamente o que queria, já nem quis mais tanto aquilo, percebeu que talvez não era exatamente aquilo? E aí então partiu numa nova busca em torno de um novo objeto de desejo.

Não que não existam fixações do desejo. Claro que sim! A tendência neurótica é justamente essa: de tentar aprisionar os desejos, o que tende a gerar muito sofrimento.

Por isso, não vejo essa eterna insatisfação do desejo como algo negativo. O desejo humano deseja se manter em movimento. Que saco seria se fosse tudo sempre igual e nos acomodássemos com tudo, não?

Morgana M Medeiros
CRP 06/140543

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